Intervenção de
Jorge Pisco, Vice-Presidente da CPPME
Seminário “Qualificação como estratégia de sucesso”
IEFP – Centro de Formação, Seixal, 16 Maio 2017
Caras amigas e amigos!
Antes de entrar propriamente no tema que hoje nos traz aqui, permitam-me que refira duas questões prévias:
- Agradecer, em nome da CPPME, o convite que nos foi formulado pelo IEFP, na pessoa da Senhora Directora do Centro de Emprego do Seixal, Dr.ª Carla Filipe.
- Dizer-vos, sobretudo, para quem ainda não conhece, que a CPPME é uma Confederação de âmbito nacional que, no próximo dia 16 de Junho, perfaz 32 anos de intensa actividade em defesa dos Micro, Pequenos e Médios Empresários (MPME), tendo como áreas principais da sua actuação: i) a acção intitucional, junto da Assembleia da República e do Governo; ii) a acção reclamativa, procurando que o poder legislativo e executivo tome medidas em defesa dos MPME; iii) a formação profissional dos empresários e seus trabalhadores; iv) o apoio aos seus associados no aconselhamento jurídico, fiscal e contabilístico; v) o acesso à informação actualizada, ou a realização de conferências, colóquios e seminários temáticos, com vista ao estudo, análise e debate dos problemas mais sentido pela classe.
Breve reflexão sobre a importância das competências participativas nos processos de mudança nas organizações
Não são as espécies mais fortes que sobrevivem, nem as mais inteligentes, e sim as mais suscetíveis a mudanças.
Um
dos fenómenos mais relevantes e mais caracterizadores dos tempos que
vivemos é o que, de forma genérica e englobante, chamamos MUDANÇA. Esta
deve ser entendida como o conjunto das mudanças ou alterações
significativas detectáveis na nossa sociedade de forma totalmente
transversal. Não estamos a fazer um juízo de valor em relação às
mudanças que vão ocorrendo, sendo certo que nem todas vão no sentido de
melhorias reais para a nossa vida nem para o preenchimento das
principais necessidades que sentimos.
Claro
que a mudança ocorre desde os primórdios da sociedade humana, mas nunca
como agora ela foi tão sentida, por se manifestar de forma tão profunda
e tão rápida. Própria do processo evolutivo que tem marcado a vida da
nossa espécie neste planeta, a mudança é sentida pelas pessoas de forma
naturalmente subjectiva, mas sempre interpretada como necessária e de
grande valor individual e social.
No
Homem, a mudança relativa ao processo biológico é acompanhada pela
mudança do processo cognitivo e do processo tecnológico, estando estes
dois últimos intimamente ligados à qualificação pessoal para o Trabalho,
isto é, para o desempenho das tarefas profissionais escolhidas ou
simplesmente aceites. Uma das grandes mudanças a que estamos a assistir
liga-se ao Trabalho e ao que ele representa a nível individual e social.
A sua centralidade nas nossas vidas é por todos reconhecida, mas cada
vez mais se distancia da penosidade de outros tempos para se assumir
como um factor de satisfação e de realização pessoal muito relevante.
Como
tudo o mais, também os processos de ensino e aprendizagem têm sido alvo
de mudanças a todos os níveis. A formação profissional, em particular, é
hoje um pilar indiscutível do desenvolvimento e as mudanças detectáveis
e as previsíveis a ela ligadas vão no sentido da humanização do
trabalho e da melhoria da rentabilidade das empresas.
É
impensável nos nossos dias que uma empresa possa subsistir sem
profissionais qualificados, sendo que a qualificação profissional é hoje
assumida como um processo nunca terminado, repito nunca terminado, de
aquisição de competências que possibilitem ao trabalhador um desempenho
profissional capaz de satisfazer as necessidades dos cidadãos e das
organizações que a ele recorrem.
As diferentes competências ligadas a cada profissão podem dividir-se em 4 grupos principais:
- Competências tecnológicas;
- Competências metodológicas;
- Competências sociais;
- Competências participativas.
Esta
pequeno contributo para o encontro de hoje apenas pretende chamar a
atenção para a relevância das últimas competências, as participativas,
porque não lhes é dada, normalmente, a importância estratégica que lhes é
devida para o sucesso pessoal e empresarial.
Já
lá vai o tempo em que o trabalhador se limitava a executar o que lhe
era solicitado e em que a empresa, através das suas chefias,
interpretava uma crítica ou uma sugestão de melhoria vinda do
trabalhador como uma ingerência deste em assuntos que não lhe diziam
respeito. As empresas de hoje devem estimular os trabalhadores a darem
contributos para a melhoria dos diferentes processos e métodos de
trabalho que ocorrem na organização, assim como para a melhoria da
qualidade e para a prevenção em matéria de segurança e saúde no
trabalho. O reconhecimento pela empresa da importância desses
contributos para a chamada melhoria contínua passa, muitas vezes, pela
atribuição de estímulos e prémios, constituindo um dos critérios de
apreciação aquando da avaliação regular dos trabalhadores.
Se
é facto que estamos a assistir à retirada do Homem dos processos
produtivos directos da grande indústria, também é verdade que nos
processos relativos à micro e à pequena empresa será cada vez mais
determinante o envolvimento de todos os trabalhadores na sua melhoria
contínua e na sua capacidade de competirem num mercado cada vez mais
exigente e selectivo.
Termino
referindo que as competências participativas, para além de facilitarem o
processo de comunicação interna e contribuirem para a melhoria de todo o
sistema produtivo seja ele industrial seja na área dos serviços, são um
factor integrador dos trabalhadores das empresas no sentido da sua
coesão enquanto grupo com interesses e objectivos comuns.
Iremos
certamente continuar a assistir a grandes mudanças nos processos de
aprendizagem. O voto que deixo é que elas, pela aumento da qualificação
dos trabalhadores, vão no sentido da melhoria da nossa vida enquanto
grande colectivo e não dirigidas para a satisfação dos interesses de
apenas alguns que, travestidos de defensores da formação profissional
inicial e contínua, vão usando os jovens, os trabalhadores activos e os
desempregados como meros factores de negócio.
A
CPPME, atenta a tudo o que passa na vida portuguesa, pugnará sempre por
uma formação profissional realmente dirigida para a qualificação
profissional dos nossos trabalhadores para seu benefício e das nossas
empresas, denunciando os constantes aproveitamentos oportunísticos que
em nome dela têm ocorrido desde a aplicação do Fundo Social Europeu em
Portugal.
Muito Obrigado
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