O sector da Hotelaria, Restauração e
Bebidas está a atravessar uma crise profunda, em resultado do brutal aumento do
IVA de 13 para 23%, aliado ao aumento sucessivo da carga fiscal cobrada às
Micro, Pequenas e Médias Empresas – MPME, que sobe de 2005 a 2012 mais de 30%.
O aumento do IVA da restauração de 13
para 23% nem sequer foi uma imposição da troika, tal como o aumento do IVA da
electricidade para igual valor.
Trata-se de uma medida da exclusiva
responsabilidade do Governo, como reconheceu o senhor 1º Ministro, na audiência
que concedeu à CPPME, a 23 de Julho de 2012.
Por outro lado, não se pode ignorar
que a nível da UE está definido que, a restauração e bebidas é um sector de
trabalho intensivo, o que o leva a beneficiar de «taxa reduzida», medida que
não está a ser respeitada pelo governo português.
O Governo Português contraria assim
recomendações internacionais, que apontam para a aplicação da taxa reduzida de
IVA nos serviços (Directiva Comunitária 2009/47/CE, por este sector ser
considerado de forte intensidade de mão-de-obra, e de empregabilidade jovem,
sendo ainda, igualmente, uma importante medida de combate à economia paralela e
à evasão fiscal.
São fundamentalmente três os
principais impostos que estão a carregar fortemente o sector – o IVA, o IRC, e
o IRS – que, em conjugação com a perda de poder de compra dos portugueses,
estão a levar à insolvência ou encerramento silencioso de muitas e muitas
micro, pequenas e médias empresas por todo o País.
De acordo com as Estatísticas do
Emprego, referente ao 1º semestre de 2015, o sector perdeu em 6 meses 52.900
postos de trabalho decorrente do aumento do IVA da Restauração. Esta perda de
postos de trabalho representa um custo anual para o erário público, em TSU da
empresa 145 milhões de euros, em TSU dos trabalhadores 68 milhões de euros, em
subsídio de desemprego 335 milhões de euros e em IRS 49 milhões de euros.
Dados publicados pelo Eurostat
revelaram que Portugal é na União Europeia um dos Países que em percentagem do
PIB tem a carga fiscal mais pesada.
Enquanto os preços de venda na
restauração em Portugal são proporcionalmente inferiores aos praticados na
Europa, em 19%.
Muitos restaurantes com prática de
baixos preços no fornecimento da refeição desempenham um papel similar a
refeitórios, proporcionando aos trabalhadores com subsídio de refeição a
possibilidade de a eles recorrer.
A construção civil levava diariamente
à restauração dezenas de milhares de trabalhadores o que hoje, com o
elevadissimo indice de desemprego neste sector, deixou de acontecer.
Nos últimos anos a média nacional de
quebras de vendas na restauração e similares poderá ir de 30 a 50%. As margens de lucro
baixaram entre 30 e 40%. .
Estamos perante um sector extremamente
sensível à perda de rendimentos dos portugueses.
Todos
estes factores levam à perda de competitividade, à dificuldade em reflectir o
IVA nos preços e a sua incorporação como custo gera dificuldades de tesouraria.
No
futuro próximo, levará a mais entregas fora de prazo (sujeitas a coimas),
criando situações que muitas vezes levam a execuções fiscais e penhoras de bens
que terminam em vendas públicas com a perda de património pessoal.
Com
menos receitas e constantes aumentos de impostos o caminho só pode ser o
encerramento da actividade e a falência.
Esta
política, seguidas por anteriores governos e agravadas pelo actual, tem levado
inevitavelmente:
a)
À
quebra de actividade económica e aumento do desemprego;
b)
À
destruição do tecido empresarial das MPME;
c)
A
encerramentos silenciosos e insolvências formais de milhares de micor e
pequenas empresas;
d)
À
diminuição das contribuições para a Segurança Social (TSU e IRS);
e)
Ao
aumento das despesas com o fundo de desemprego (cada trabalhador desempregado
custa ao estado por ano, mais ou menos, 10 000 euros).
A CPPME – Confederação Portuguesa das
Micro, Pequenas e Médias Empresas, sempre defendeu a necessidade de aliviar a
carga fiscal no setor da Restauração e Bebidas a fim de criar condições de
sustentabilidade e até de competetividade com os nossos concorrentes mais
directos, a vizinha Espanha.
Acresce que muitos outros factores
contribuem para o agravamento da vida das micro e pequenas empresas,
designadamente a ausência quase total de crédito, os custos energéticos, fixos
e de contexto, a nova Lei do Arrendamento na vertente «arrendamento não
habitacional», os seguros, entre outros.
Porque é possível utilizar outros métodos de
determinação da matéria coletável dos MPME e não os que injustamente estão a
ser utilizados, para a CPPME a alternativa está na aplicação de um verdadeiro
regime de Tributação Simplificada e diferenciada, assente em efetivos parâmetros
de rentabilidade já previstos na lei mas não consumados.
Considerando a importância do sector
“Restauração e Hotelaria”, onde as MPME representam 99,97% na Restauração e
99,74% no Alojamento, sendo que, as micro empresas (entidades que empregam até
9 trabalhadores) representam 96,35% do tecido empresarial da Restauração e
86,8% do Alojamento,
A
CPPME reclama como medidas urgentes para o sector:
·
A
redução imediato do IVA para 13%, a fim de repor alguma rentabilidade perdida e
trazer alguma sustentabilidade às MPME. A redução do IVA será uma medida
fundamental para a sobrevivência das empresas e para a dignificação do Turismo,
por forma a preservarmos a qualidade da nossa oferta turística e da nossa
Gastronomia, Património Cultural de Portugal;
·
A
reforma, simplificação e redução de custos de quase uma centena de impostos,
taxas e custos de contexto, bem como a constante profusão e instabilidade
legislativa que contamina o sector, comprometendo o investimento e a
competitividade das empresas;
·
O
fim da existência de instrumentos de tributação como o PEC – Pagamento Especial
por Conta, que faz pagar o mesmo a realidades e rentabilidades de exercício
muito diferenciados e o PPC – Pagamento por Conta, que obriga ao adiantamento
de verbas com base nos resultados do
exercício do ano anterior, que nada garante venham a existir no ano seguinte,
muito menos em recessão económica;
·
A
implementação dos índices de coeficiente técnico/científicos para as MPME, há anos anunciados mas
nunca concretizados;
·
O
estabelecimento de acordos com as Finanças e a Segurança Social, de forma a
estabelecer compromissos realistas, com tempos mais dilatados e juros mais
baixos, de pagamento das dívidas ao Estado.
·
A
criação de uma linha de crédito, a juros aceitáveis, onde a Caixa Geral de
Depósito poderá ter um papel fundamental, dado tratar-se de uma instituição
pública;
·
A
revisão urgente da nova Lei de Arrendamento Urbano, nomeadamente na vertente «arrendamento
não habitacional», evitando despejos em massa e consequente encerramento de
estabelecimentos da restauração e comerciais;
·
A
isenção de IMI por 4 anos na aquisição de imóveis para funcionamento próprio;
·
A
redução dos custos energéticos (electricidade e gás), taxas de resíduos sólidos
urbanos, entre outros;
·
A
revogação do Decreto-Lei nº 12/2013, de 25 de Janeiro, relativo ao direito à
prestação de Apoio Social para os micro e pequenos empresários, de forma a que
possa ser aplicada com sucesso.
·
A
necessidade de potenciar as actividades económicas (turismo, hotelaria, gastronomia,
vinhos, etc.), através de investimento produtivo (público e privado) quer do Mercado Interno quer da
Exportação;
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