O
Comércio das micro e pequenas empresas (MPE) é um dos pontos chave para que
Portugal volte a ter uma balança de transacções correntes devidamente
equilibrada. Empresas de pequena dimensão, muitas vezes de cariz familiar,
tendem a abastecer-se e a trabalhar quase exclusivamente em favor do circuito
económico interno nacional.
Em
mais de 100 mil empresas dedicadas a este sector, 99,8% são micro, pequenas e
médias empresas (MPME), com grande incidência das micro e pequenas. Do outro
lado da barricada, encontram-se não só a Grande Distribuição, mas também as
marcas globais em regimes de exploração própria ou em Franchising, que têm
vindo a criar os mega centros comerciais e em conjunto já absorvem a maior
quota de mercado do sector, fazendo disparar os índices de importação do país.
Nos
últimos 25 anos, deram-se grandes transformações neste setor. Primeiro foi o
aparecimento das grandes superfíceis, com o previlégio na fiscalidade, nos
horários de funcionamento, na facilidade de aquisição de produtos e na
capacidade de acesso e estacionamento. Depois foi o aprecimento das lojas ditas
chinesas, mas com produtos de origem chinesa, indiana, paquistanesa, etc., com
artigos a precos de baixo custo, que as lojas nacionais não podiam acompanhar.
Mais
recentemente com a crise provocada pelos desmandos do sistema financeiro, que
está a conduzir parte significativa dos portugueses ao desemprego e à miséria,
com políticas de austeridade, de cortes nos salários e nas pensões, de aumento
enorme de impostos, redução brutal do poder de compra, levando milhares de
pequenas unidades comerciais ao encerramento e à insolvência.
A
CPPME, por todo este tempo, tem apresentado propostas alternativas às entidades
governamentais, que garantam “a sustentabilidade do comércio de próximidade e
um urbanismo seguro e saudável”, designadamente:
a) Desenvolver
políticas que tenham como objectivo voltar a existir um “comércio de rua,
moderno e sustentável”, fazendo coexistir nas ruas o comércio tradicional com as
várias marcas, que poderão de alguma forma servir de âncoras, atraindo
consumidores e revitalizando os centros e zonas comerciais urbanas;
b) Revogar
o Decreto-Lei n.º 10/2015, de 16 de Janeiro “Novo regime de acesso e exercício
de actividades de comércio, serviços e restauração” que, ao invés do que se
exigia, vem desregular e anarquizar completamente o sector;
c) Criar
uma Gestão Profissional de Cidade pelos responsáveis das ruas, as Autarquias,
e/ou as Associações Comerciais;
d) Melhorar
acessos, criar mais estacionamentos em quantidade e qualidade assim como a
revitalização das áreas mais comerciais das cidades e vilas, com recurso ao
Portugal 2020, elegendo este setor e a sua revitalização, a montante e a
jusante, como essencial ao desenvolvimento da economia nacional;
e) Revogar
a actual Lei de Licenciamento Comercial, com a paragem imediata de todos os
novos projetos de licenciamento de grandes superfícies e mega centros
comerciais, com vista ao reequilíbrio do sector;
f) Revogar
a Lei do Arrendamento não Habitacional, mais conhecido por Arrendamento
Comercial, como factor decisivo de dinamização da economia;
g) Encerrar
o comércio aos domingos e feriados, com exceção dos ramos ligados às atividades
de índole turística, aliás à semelhança de muitos países europeus desenvolvidos.
Crédito
– Atualmente as micro e pequenas empresas encontram-se seriamente descapitalizadas
e sem quaisquer possibilidades de acesso ao crédito por via da banca privada
comercial, face aos insuportáveis juros e sprades. A CPPME
consciência desta realidade e da necessidade de injeção de capital nas
empresas, quer para tesouraria, quer para investimento, propõe que a Caixa Geral de Depósitos (CGD),
banco público, tenha um papel diferenciado da restante banca privada a operar
em Portugal e crie linhas de crédito específicas para as MPME.
Redução
dos custos energéticos, água e taxas diversas aplicadas às MPE.
Formas
diferenciadas e motivadoras para os pagamentos atrasados ao Fisco e à Segurança
Social, pelas MPE. E, acerto de contas sempre que a Administração Local e Central
esteja em dívida com a respectiva empresa
Regras
devidamente definidas e fiscalizadas em relação aos Saldos e Promoções.
Criação
de pólos de formação para trabalhadores e empresários do setor.
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