quinta-feira, 13 de junho de 2019

O "Programa Oeiras Valley" e a omissão


O Município de Oeiras lançou oficialmente, em Maio passado, o programa Oeiras Valley, com o objetivo de criar o maior ecossistema de inovação do país, favorecendo a instalação de empresas de base tecnológica, farmacêutica e de investigação. O lançamento marca, afirma, o início de um novo ciclo no desenvolvimento económico e social de Oeiras.

O vídeo acima dá as linhas de força do programa e na sessão solene comemorativa do "7 de Junho", perante um auditório do Tagusparque repleto, o Presidente da Câmara Municipal de Oeiras reforça-lhe a consistência estratégica, num discurso onde foi evidente o otimismo e o empenhamento. Anunciar 400 milhões de investimento é, à escala municipal, não só significativo mas também promissor.

Em Abril do ano passado*, quando em audiência que nos foi concedida, deixámos palavras de reconhecimento pela decisão do executivo da CMO em isentar da derrama às MPMEs com faturação inferior a 150 000 €.

Contudo, agora, não deixamos de assinalar a omissão de qualquer referência, explicita às MPME, em particular às micro e pequenas empresas.
Fonte: PORDATA
Dando-se conta que no Município estão sediadas mais de 24 mil empresas, "ignora-se" que cerca de 96% possuem menos de 10 trabalhadores e que o tecido económico tem vindo, desde 2009, a perder empresas em todas as dimensões, (excepto nas empresas de grande dimensão) ou seja, fecharam portas mais de 830.

O Núcleo de Oeiras da CPPME tem vindo a realizar periodicamente estudos sobre a situação, através de inquéritos ("Como estados, para onde vamos"**) onde nos é possível perceber que existem oportunidades de melhorar o contexto dos negócios ou mesmo fazer reduzir alguns dos fatores de produção.

Sem se intervir neste segmento e esperar pelos efeitos induzidos por um desenvolvimento que não leve em consideração os seus reais problemas pode fazer com que se multipliquem no território zonas cada vez mais numerosas de depressão do pequeno comércio e da restauração.
Por outro lado, intervindo, tal não alteraria o rumo já definido para o Programa Oeiras Valley e, assim, não se estaria a sugerir a necessidade de rever o quer que seja.

Fica aberta a discussão com esta pequena ironia: 
Dois cientistas, em experiência, cortam as duas pernas a uma rã.
Diz um, sentencioso: rã sem pernas, não salta.
Ao outro cientista, coube o diagnóstico: a rã não foi suficientemente inovadora
_______________________________
* CPPME reúne com Presidente da CMO
** "Como Estamos, Para Onde Vamos"

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.